Bolsonaro define trio para liderar eleições de 2026 em Rondônia, mas enfrenta resistência local

Senador Marcos Rogério, deputado Fernando Máximo e o empresário Bruno Scheid são os escolhidos do ex-presidente, mas alianças fragmentadas indicam um cenário eleitoral competitivo.

Porto Velho, RO - Com o horizonte político de 2026 se aproximando, o cenário em Rondônia começa a se desenhar com maior nitidez, especialmente no campo conservador. O ex-presidente Jair Bolsonaro já apontou seus representantes no estado: o senador Marcos Rogério (PL) para o Governo, o deputado federal Fernando Máximo (União Brasil) para o Senado e o empresário agropecuarista Bruno Scheid, também como pré-candidato à Câmara Alta.

A escolha de Bolsonaro estrutura o principal eixo de sua articulação política em Rondônia, mas o caminho até as urnas será marcado por disputas internas, resistências e novos protagonistas.

Fernando Máximo ganha força com apoio da capital

Entre os indicados, Fernando Máximo se destaca por sua ampla aceitação no interior e base sólida em Porto Velho. O nome dele vem sendo citado com frequência em eventos regionais e, recentemente, foi elogiado publicamente pelo prefeito da capital, Léo Moraes (Podemos), que o classificou como “leal” e “amigo”. As declarações abriram especulações sobre uma possível filiação de Máximo ao Podemos, o que poderia fortalecer sua presença política na capital e selar uma aliança estratégica entre cidade e interior.

Marcos Rogério enfrenta resistência municipal

Já Marcos Rogério, apesar de contar com o aval de Bolsonaro, encontra dificuldades para reconstruir pontes políticas em Porto Velho. A relação desgastada com o prefeito Léo Moraes — marcada por um desentendimento em Brasília — dificulta uma possível aliança, o que pode comprometer sua campanha rumo ao Palácio Rio Madeira.

Bruno Scheid surge como novo nome conservador

Bruno Scheid, produtor rural de Ji-Paraná e figura próxima de Bolsonaro, entra na disputa como novidade no campo majoritário. Sem histórico político e com perfil empresarial, Scheid representa a aposta bolsonarista para atrair eleitores insatisfeitos com os nomes tradicionais. Sua fidelidade ao ex-presidente e participação ativa em agendas nacionais o colocam como um “coringa” na corrida ao Senado.

Conservadores fora da órbita bolsonarista também se movimentam

Apesar da movimentação clara do bolsonarismo, outras lideranças de direita seguem rumos distintos. O governador Marcos Rocha (União Brasil), reeleito em 2022 e antigo aliado de Bolsonaro, não deve integrar oficialmente o projeto do ex-presidente. Seu vice, Sérgio Gonçalves, já se apresenta como pré-candidato ao Governo, mesmo sem o apoio declarado de Rocha.

Outro nome relevante é Adailton Fúria (PSD), prefeito de Cacoal, que articula alianças regionais com respaldo do ex-senador Expedito Júnior. Fúria representa uma força crescente no eixo centro-sul do estado e busca protagonismo estadual nas próximas eleições. Hildon Chaves (PSDB), ex-prefeito de Porto Velho, também planeja retornar ao cenário político de forma independente, apostando em sua trajetória como promotor e gestor.

Esquerda se articula com Confúcio Moura no centro

No campo progressista, o nome de maior destaque é o do senador Confúcio Moura (MDB). Aos 77 anos, o ex-governador ainda não confirmou candidatura, mas lidera a chamada “Caminhada da Esperança”, com apoio de siglas como PDT e a possível adesão do ex-prefeito Roberto Sobrinho. Confúcio reúne experiência e prestígio, sendo um dos poucos políticos no estado com um histórico eleitoral sem derrotas na última década.

Desempenho de 2024 mostra que apoio de Bolsonaro já não é garantia

Embora Bolsonaro siga como influência central no campo conservador, seu apoio não tem o mesmo impacto de anos anteriores. Em Ji-Paraná, o ex-presidente foi decisivo para a eleição de Affonso Cândido (PL). Já em Porto Velho, sua candidata, Mariana Carvalho, foi derrotada por Léo Moraes, mesmo com apoio direto da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Conclusão: jogo político segue aberto

O trio bolsonarista está escolhido — Marcos Rogério, Fernando Máximo e Bruno Scheid — mas o jogo eleitoral de 2026 está longe de definido. Com múltiplas frentes conservadoras e uma esquerda articulada, a eleição em Rondônia promete ser decidida menos por bênçãos ideológicas e mais pela habilidade de diálogo, estratégia e capacidade de mobilização.


Fonte: O Observador
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