Confúcio Moura: Entre o Discurso e a Realidade na Saúde de Rondônia e o Desgaste Político com o Apoio a Lula

Confúcio Moura: Entre o Discurso e a Realidade na Saúde de Rondônia e o Desgaste Político com o Apoio a Lula



Porto Velho, RO — Senador por Rondônia e ex-governador por oito anos (2011-2018), Confúcio Moura (MDB-RO) coleciona contradições que reverberam no cenário político atual. Enquanto defende publicamente o presidente Lula e o SUS, sua gestão à frente do estado é marcada por críticas ao abandono do Hospital João Paulo II e ao caos na saúde legado que agora ameaça sua possível reeleição ao Senado em meio a uma base eleitoral majoritariamente conservadora .


O Legado de Negligência no Hospital João Paulo II

Durante seus dois mandatos como governador, Confúcio Moura, médico de formação, prometeu revolucionar a saúde pública. No entanto, o Hospital e Pronto-Socorro João Paulo II, principal unidade de urgência de Rondônia, tornou-se símbolo de descaso. Em 2011, o Conselho Federal de Medicina (CFM) classificou o hospital como "o pior do Brasil", com pacientes sendo atendidos no chão e infraestrutura comparada a "cenas de guerra".



A solução proposta por Moura foi a construção do Hospital de Urgência e Emergência (Heuro), orçado em R$ 2,7 bilhões. A obra, porém, enfrentou atrasos, escândalos de corrupção (como a Operação Murídeos, em 2015) e foi cancelada em 2025 após 14 anos de promessas não cumpridas . Enquanto isso, o João Paulo II continuou operando em condições precárias, com superlotação e falta de insumos.
 


Agora, o governo estadual cogita terceirizar a gestão do hospital — medida criticada por sindicatos e entidades médicas, que denunciam falta de transparência e risco de privatização velada . Para muitos, a proposta é um reconhecimento tácito do fracasso das políticas de Moura, que deixaram o sistema de saúde em colapso .

Contradições entre Discurso e Prática

Como senador, Moura posiciona-se como defensor do SUS e do Programa Mais Médicos, destacando sua importância para o interior do país . No entanto, durante seu governo, Rondônia enfrentou escassez crônica de profissionais de saúde, especialmente no João Paulo II, onde médicos denunciavam condições desumanas de trabalho .

Em 2017, ao ser questionado sobre as críticas, Moura minimizou os problemas: "É minoria. Minoria faz barulho muito mais que maioria [...] o atendimento está bom" — declaração que gerou revolta até entre aliados, como o deputado Marcos Rogério (PDT), que criticou abertamente a gestão da saúde no estado .

Alinhamento a Lula e o Risco Político

A defesa ferrenha de Moura ao governo Lula tem custado caro. Em 2025, enquanto a bancada federal de Rondônia pressiona pela anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, o senador é o único a se opor, afirmando que houve "tentativa de golpe".
 


O posicionamento o isolou de eleitores conservadores, majoritários no estado, e alimentou críticas de que prioriza agendas nacionais em detrimento de demandas locais.

Além disso, seu apoio a Lula contrasta com a histórica base eleitoral de direita de Rondônia, que em 2022 votou maciçamente em Bolsonaro. Analistas apontam que o alinhamento pode dificultar sua reeleição em 2026, especialmente diante de propostas como a privatização de hospitais estaduais, vista com desconfiança pela população .

Conclusão: Entre a Utopia do SUS e a Realidade do Abandono

Confúcio Moura personifica a desconexão entre retórica política e ação concreta. Como médico, conhece os desafios da saúde, mas como gestor, deixou um rastro de obras inacabadas e negligência. Seu apoio a Lula, embora coerente com discursos progressistas, parece ignorar o perfil conservador de seu eleitorado — um cálculo arriscado em um estado onde a saúde pública permanece em crise e a insatisfação popular é palpável.

Enquanto o João Paulo II caminha para a terceirização e o Heuro vira símbolo de promessas vazias, Moura enfrenta não apenas o julgamento da história, mas também das urnas.

Fonte: Redação
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