O diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, Marcus Pestana| Foto: Pedro França/Agência Senado.
Porto Velho, RO - O diretor-executivo do Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, Marcus Pestana, disse que o governo Lula “está sinalizando que já abandonou perseguir o centro da meta [fiscal]” de zerar o déficit primário este ano. A meta foi instituída pelo próprio governo e tem sido uma das principais bandeiras da política econômica.
De acordo com dados divulgados pelo Tesouro Nacional, no início deste mês, as contas do governo federal registraram um déficit primário de R$ 100 bilhões, de janeiro a agosto deste ano.
“O governo está sinalizando que já abandonou perseguir o centro da meta. O Banco Central, quando persegue a meta de inflação, persegue os 3%. Não persegue os 4,5%. A regra do jogo é que permite uma margem de tolerância”, disse Pestana em entrevista concedida ao Poder360 e publicada nesta segunda-feira (14).
De acordo com Pestana, o déficit primário será de 0,8% do PIB neste ano. O saldo negativo deverá ser reduzido para 0,5% do PIB porque gastos com precatórios, enchentes no Rio Grande do Sul e as queimadas ficam de fora do cálculo.
Na avaliação do diretor da IFI, o governo tentará fazer com que o déficit de 0,5% reduza, pelo menos, para 0,25%, o que o faria cumprir a meta dentro da margem de tolerância.
“Eles vão fazer da tripa o coração, porque é desmoralizante e abala profundamente a credibilidade do ministro Haddad e da política econômica no 1º de arcabouço fiscal não cumprir a meta”, afirmou Pestana.
A declaração do diretor da IFI do Senado ocorre dias depois de o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, ter voltado a pedir mais controle do governo Lula com os gastos públicos, na última quinta-feira (10).
Uma semana antes, conforme noticiado pela Gazeta do Povo, Ceron já havia admitido que o governo precisa controlar o crescimento dos gastos públicos com despesas obrigatórias para que o Brasil cumpra o arcabouço fiscal e, assim, conquistar o tão almejado “grau de investimento”.
Fonte: Por Diógenes Freire Feitosa