A pouco mais de 20 dias para o 1º turno do pleito, disputa segue modorrenta, insípida, inodora e incolor.
Porto Velho, RO – A pouco mais de 20 dias para o primeiro turno das eleições, que ocorre no dia 6 de outubro, a campanha pela Prefeitura de Porto Velho ainda é, na visão do jornal eletrônico Rondônia Dinâmica, a mais modorrenta; enfadonha; sonolenta; insípida; inodora e incolor. Sem graça. Sem sal. Sem sustância. A maior parte disso se deve à ausência absoluta de debates. Nem a Band e muito menos a Rede TV, com suas afiliadas locais, deliberaram pelo confronto direto entre postulantes, quebrando uma cultura regional e histórica e, consequentemente, submetendo seu público à sorte. Com sabatinas pachorrentas, os candidatos se digladiam a distância, sem que haja oportunidade de promoção dos olhos nos olhos; do pá-pum; da resposta “na lata”.
Essa atmosfera beneficia diretamente a postulante da situação, Mariana Carvalho, do União Brasil, que segue na sua. Até agora, Mariana está, de acordo com todas as pesquisas publicadas, em primeiro lugar, portanto, no mínimo, garantida no segundo turno; isto se não ganhar já no primeiro, diga-se de passagem. Logo, a ex-deputada se sente confortável a respeito sobre como a carruagem anda, dando de ombros às provocações lançadas, principalmente, por Euma Tourinho, do MDB, e agora, mais recentemente, Léo Moraes, do Podemos, que finalmente entrou no modo de ataque. Mariana, inclusive, desistiu da sabatina da SIC TV (Rede Record) para gravar vídeo com o ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL. Resumindo, está "off" para brigas, contendas e questionamentos dos demais pleiteantes.
Samuel Costa, da Rede Sustentabilidade, é o esquerdista de fato da contenda eletiva; apesar de Célio Lopes, do PDT, contar com apoio do PT e ser do campo progressista, Costa é quem defende, com unhas e dentes, os ideais socialistas e, mais ainda, se orgulha disso. E cobra de Célio a mesma postura. Um de seus motes em entrevistas é tentar colar no pedetista a chancela de quem tem vergonha do presidente Lula e do PT.
Célio, por outro lado, é o “menino bonzinho” da vez. É um ótimo orador; técnico; explana muito bem as propostas no seu plano de governo, mas, para quem precisa “chegar lá”, não empolga. Não tem a veia do embate. Não vai “pra cima” com veemência e, portanto, apresenta credenciais para o futuro, porém, enfim, é só.
Ricardo Frota, do Novo, faz uma campanha sem recursos financeiros consideráveis; aposta no discurso ideológico, contra a esquerda, a despeito de morar num estado conservador, portanto, sem ter com quem brigar nesse sentido no campo da realidade – a não ser Samuel, que sequer tem mandato – e é isso.
Euma procurou seu personagem durante a campanha. Começou com o “coletinho” e não teve feedback. Aí, de repente, passou a desempenhar o papel de antagonismo à Mariana Carvalho ao qual muita gente imaginava pertencer a Léo Moraes. A partir disso, encontrou o fio da meada que procurava e passou a ser cada vez mais provocativa – com ela e todos os outros –, ganhando projeção e saindo da mesmice.
A evolução na corrida trouxe benefícios, mas há o ônus. O MDB acabou ganhando holofotes também na capital e, com isso, questionamentos sobre a posição política da ex-juíza, já que Confúcio Moura, seu correligionário e um dos principais apoiadores, é base do governo Lula. Isto, não obstante o presidente estadual da legenda, Lúcio Mosquini, ser de direita e bolsonarista. Páginas de humor travestidas de noticiário nas redes sociais aproveitaram, nessa senda, para resgatar um vídeo antigo, de quatro meses atrás, onde Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento do Brasil na gestão petista, declara apoio à combativa ex-magistrada. O vídeo foi publicado pelo site Na Hora Online originalmente. Além disso, candidatos a vereadores saíram da disputa – e do partido – acusando-a de abandono, alegando, ainda, que foram tratados com arrogância.
Simone e Euma são do MDB: vídeo foi gravado há quatro meses / Na Hora Online
Esse coprotagonismo, portanto, tirou Euma do papel de pedrada, conferindo a ela o status de vidraça. Pelo bem ou mal, é a única que colocou alguma graça na peleja eletiva.
O ex-conselheiro Benedito Alves, do Solidariedade, segue na toada da calmaria, com discursos amenos, críticas ligeiras sobre o status de Porto Velho e falando sobre o uso indiscriminado do Fundão Eleitoral por parte dos seus concorrentes.
Com os dias se esgotando até o primeiro turno, a corrida eleitoral de Porto Velho se destaca mais pelo marasmo do que pelo fervor típico de campanhas passadas. A ausência de debates entre os principais candidatos e a falta de embates diretos transformaram esta disputa em uma das mais enfadonhas da história da capital. Mesmo com tentativas de ataques isolados, o clima morno favorece Mariana Carvalho, que navega tranquilamente rumo ao segundo turno ou até uma vitória direta, enquanto o restante dos concorrentes ainda busca protagonismo. Para o eleitorado, essa pode ser lembrada como a eleição mais desinteressante dos últimos tempos.
Fonte: Por Rondoniadinamica