Café robusta amazônico de Cacoal chega à Dinamarca semana que vem

Café robusta amazônico de Cacoal chega à Dinamarca semana que vem


Juan Travain (Selva Café) prepara amostras do café de Cacoal para apreciação de europeus, asiáticos e norte-americanos.

Porto Velho, RO
- Amostras de cinco tipos de café da variedade robusta amazônica colhidas em Cacoal na safra 2023-2024 serão apresentadas e experimentadas em Copenhage (Dinamarca) na próxima semana por coffee tasters (provadores) de 15 empresários de cafeterias asiáticas, europeias e norte-americanas. Com isso há grandes possibilidades de aumentarem as exportações para diversos países.

Quase meio-dia desta segunda-feira, ainda sem almoço, o diretor do Selva Café e presidente da Cafeicultores Associados da Região das Matas de Rondônia (Caferon), Juan Travain, provava e embalava cinco tipos: café despolpado, fermentado, comercial, natural e reserva.

As amostras são de 50g (grátis) e de 150g (café cru) são das lavouras dos produtores: Arildo Ferreira dos Santos, Selva Café, Família Bento, Poliana Perutti (Novo Horizonte do Oeste).

Integram a comitiva à capital dinamarquesa: o governador de Rondônia, coronel Marcos Rocha; o secretário estadual de agricultura, Luiz Paulo Batista; o pesquisador da Embrapa, Henrique Alves; e Juan Travain; entre outros convidados.

Lavouras fertirrigadas aumentaram a produtividade em Cacoal, conta um dos entusiasmados cafeicultores locais, Nério Bianchini com simples comparação: “O adubo chega ao pé da planta da mesma forma que o soro na veia da pessoa.”

Controle da fertirrigação nas lavouras do Selva Café: 170 quilômetros de condutores
120 sacos por hectare

A fertirrigação tem aproximadamente 170 quilômetros de extensão, o que significa que nenhum pé de café perca o efeito dessa operação. Cada lote possui uma estação meteorológica para controle da umidade do solo e da planta.

Nério estima que dentro de três meses da atual colheita suas lavouras numa área de cem hectares terão rendido 15 mil sacos de 60 quilos, obtendo produtividade média de 100 a 120 sacos por hectare.

No ano passado, esse rendimento foi ainda maior, chegando a 170 sacos/ha, lembra o engenheiro agrônomo Tony José Balbino. Nascido em Rolim de Moura, Zona da Mata, onde a cafeicultura cresceu bem ao longo de duas décadas, Balbino aponta a razão desse êxito: adubações em fertirrigação, lavagem, beneficiamento e secagem.

“Conseguimos também controlar a colchonilha da roseta do cafeeiro”, assinalou.

Essa praga do gênero Planococcus pode ser encontrada na parte aérea e raízes. As fêmeas são relativamente móveis e medem de 2,5 a 4mm de comprimento. Possuem corpo com formato oval, coloração geral castanho-amarelada, recoberto por uma secreção pulverulenta e cera branca.

Balbino destaca o trabalho de equipe na expansão das lavouras do Selva Café: “Somos em dois agrônomos, dois técnicos agrícolas e conosco também trabalha um estagiário, todos dão conta da nutrição e do manejo das plantas.”

“Nos três meses da safra a gente permanece aqui dia e noite estudando a melhor fase da colheita e como fazê-la a partir do amadurecimento; também colhemos café de diferente clonagem estudando o ponto de maturação”, explicou o agrônomo.

No final desse trabalho a equipe avalia o tamanho ideal do grão, procurando padronização e sabor. “Isso influencia o mercado”, disse.

Café novo cresce mais

Nério Bianchini e o agrônomo Tony Balbino comemoram a qualidade do robusta amazônico

Aproximadamente, 70% do cafezal do estado já está colhido. Do Selva Café estima-se que parte da produção seja exportada para Coreia do Sul, China, e Reino Unido.

O progresso de clones especiais em lavouras da roça nº 3 está bem visível: ali, o robusta amazônico com apenas um ano de dez meses de plantio está quase do tamanho das lavouras com idade superior a dois anos.

Outro fator que anima a empresa, conforme explicação de Balbino: em 2023, esse mesmo café obteve 82 a 84 pontos (qualidade da bebida), estimando-se que em 2024 mantenha esse nível.

Durante a visita do repórter, 20 catadores movimentavam longas lonas plásticas puxadas por motocicletas até a máquina que separa grãos de folhas.

“O nosso café está na quarta colheita desde 2018”, informou o empresário Nério Bianchini. Ao mostrar a operação de limpeza, lavagem e beneficiamento de grãos, ele apontou para 12 gigantescos secadores fabricados no País pela empresa Pinhalense: “São todos movidos pela caloria desta fornalha”, ele mostra ainda: fornalha e lenha.

A safra terminará até agosto sob a sintonia da irrigação e do trato cultural. Desta maneira, na primeira chuva forte de fim de ano, o cafezal se valerá desses recursos e já estará na florada para a safra 2024-2025.


(MONTEZUMA CRUZ – Texto e imagens)

 

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