Porto Velho, RO. O
Palácio do Planalto escolheu Paulo Pimenta, atualmente no comando da
Secom (Secretaria da Comunicação), para a função de ministro
extraordinário da reconstrução do Rio Grande do Sul, após a reação à
tragédia no estado ter se tornado um problema no governo.
Laércio
Portela, que já atuou na comunicação dos primeiros mandatos do
presidente Lula (PT), assumirá interinamente o posto de Pimenta.
A
ideia é que Pimenta se encarregue de monitorar e coordenar as ações
federais para o estado. O anúncio oficial deve acontecer nesta
quarta-feira (15), quando Lula vai ao Rio Grande do Sul para visitar as
áreas atingidas pelas inundações e anunciar um novo pacote de medidas.
A
tragédia no Rio Grande do Sul atravancou a estratégia de comunicação
pré-definida pelo governo e, incomodado com a reação de oposicionistas
às medidas federais, Lula decidiu anunciar no estado um a série de ações
em resposta às críticas.
A iniciativa decorre da avaliação de
Lula e de integrantes do governo de que há falhas no enfrentamento da
crise, especialmente na comunicação. A principal queixa apontada pelo
presidente a pessoas próximas é que o Executivo federal não consegue
obter reconhecimento pelas ações adotadas.
Pimenta era o titular
da comunicação do governo Lula desde o início do mandato, em janeiro de
2023. Em alguns momentos, o setor foi criticado por outros ministros do
governo e até mesmo pelo mandatário. Em algumas reuniões ministeriais,
Lula cobrou mais articulação na divulgação das ações do governo.
A
nomeação de Pimenta também é apontada nos bastidores como uma forma de
dar mais visibilidade e catapultá-lo em seu estado, o Rio Grande do Sul.
O então homem forte da comunicação é apontado como um pré-candidato a
disputar o Palácio Piratini em 2026.
Alguns interlocutores no
Palácio do Planalto defendiam o nome de um técnico para o posto, para
evitar ruídos com o governador Eduardo Leite (PSDB), no momento de
articulação e ações para enfrentar a calamidade pública.
O
substituto interino de Pimenta, Laércio Portela, é apontado como um
quadro competente na área de comunicação. Por outro lado, não é visto
como um nome forte que deva permanecer no cargo por uma temporada maior e
chegar a ser efetivado. Ou seja, a análise é de que Pimenta mantém um
pé na Secom.
Pela programação original, os anúncios de Lula sobre
novas medidas voltadas ao Rio Grande do Sul seriam feitos nesta terça
(14) no Palácio do Planalto. O presidente, porém, adiou para esta quarta
(15) a divulgação das medidas para reforçar a presença do governo
federal no estado. A ideia é que a apresentação inclua visitas a
famílias desabrigadas.
Entre as iniciativas do pacote, além da
constituição de uma autoridade climática para coordenar as ações no RS,
está a concessão de um voucher de R$ 5.000 para atingidos pelas
inundações, como antecipou a coluna Mônica Bergamo, e a inclusão de 20
mil beneficiários do estado no programa Bolsa Família.
Lula fez
cobranças à sua equipe no fim da tarde de segunda (13). O áudio dessa
fala inaugural do petista em reunião ministerial foi divulgado pela
Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência).
Todos os
38 ministros participaram da reunião, que foi convocada em caráter
emergencial pelo presidente, para discutir as ações federais para
enfrentar a calamidade climática.
Lula disse que é um compromisso seu deixar o Rio Grande do Sul "como era antes da chuva".
Ainda segundo aliados, o petista está contrariado com ataques às medidas nas redes sociais, as quais classifica como fake news.
O
presidente ainda estuda fazer um pronunciamento à nação para
esclarecimento das ações. No domingo (12), o governo levou ao ar uma
campanha publicitária para mostrar o que fez, apesar do alcance limitado
em relação às redes sociais.
Além da decisão de estar
pessoalmente presente no Rio Grande do Sul, incluindo nova viagem ao
estado, o petista tem exigido participação mais incisiva da equipe.
Lula
passou a cobrar dos auxiliares a elaboração de medidas que tenham
impacto imediato na população afetada pela catástrofe ambiental e deixou
isso claro em reunião ministerial promovida na segunda.
De
acordo com um integrante do Palácio do Planalto, o presidente reclamou
com sua equipe da forma como seus eventos anteriores no estado foram
organizados.
Lula queria ter demonstrado solidariedade
pessoalmente aos atingidos pelas enchentes. No lugar disso, nas duas
viagens que fez à região, sobrevoou áreas alagadas e teve encontros com
autoridades. Por isso o petista prevê realizar um ato simbólico nos
locais atingidos para contornar o que ele mesmo reconheceu ter sido um
erro de agenda.
O chefe do Executivo também quer ampliar o
atendimento aos atingidos pela catástrofe, não se restringindo à faixa
de renda inferior a dois salários mínimos. A inclusão da classe média
entre os beneficiários e a oferta de linhas de financiamento estão entre
as medidas.
Embora seja considerada um desafio, a reação à
tragédia no Sul também é vista por uma parte do governo como uma forma
de aproximar Lula de uma parcela da população refratária à sua gestão.
Durante
a reunião de emergência na segunda-feira para tratar da crise climática
no RS, Lula cobrou de seus ministros para que haja coordenação nas
falas e ações e pediu que não fiquem "inventando coisas" que ainda não
foram discutidas no âmbito do governo.
"Não dá para cada um de
nós que tem uma ideia anunciar publicamente essa ideia. Uma ideia é um
instrumento de conversa no governo para que a gente transforme a ideia
numa política real. Não é cada um que tiver uma ideia, vai falando da
sua ideia, vai dizendo o que vai fazer, porque isso termina não
construindo uma política pública sólida e uma atuação muito homogênea do
governo, no caso do Rio Grande do Sul", disse.
Fonte: Folhapress
Paulo Pimenta será ministro extraordinário da reconstrução do RS
A ideia é que Pimenta se encarregue de monitorar e coordenar as ações federais para o estado.
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Política