O maior número de pistas foi a TI Yanomami (em Roraima), com 75, seguida pela Raposa Serra do Sol, com 58
Porto Velho, RO - Um estudo conduzido pelo MapBiomas revelou a existência de 201 pistas
de aterrissagem clandestinas localizadas dentro de Terras Indígenas na
região amazônica. A análise, baseada em imagens de satélite, revelou que
a maioria dessas pistas está em áreas próximas a locais de mineração
ilegal.
A Terra Indígena que registrou o maior número de pistas
foi a TI Yanomami (em Roraima), com 75, seguida pela Raposa Serra do
Sol, com 58, a Kayapó, com 26, e Munduruku e Parque do Xingu, ambas com
21 pistas cada.
Em Rondônia, os números não foram divulgados.
Mas a fundadora da Associação Etnoambiental Kanindé, Ivaneide Bandeira, a
Neidinha, fala que em Rondônia há várias ocorrências dessas pistas de
pousos em territórios indígenas.
“Tem muita pista sendo
utilizada para tráfico de drogas, para garimpo ilegal. Tem garimpo
ilegal que está crescendo ali no Suruí [região de Cacoal e Espigão
d’Oeste] e daqui uns dias estará igual do Yanomami [em Roraima]. Se não
fizerem alguma coisa para parar aquele garimpo, tanto no Suruí quanto no
Zoró, quanto em outras regiões, vai explodir igual Roraima”, alertou
Neidinha.
Ela completa: “As terras que são na região de
fronteira, o tráfico comanda. Não basta estourar as pistas, tem que ter
uma vigilância constante”.
Mais números
Um dado
preocupante é que, na TI Munduruku, 80% das pistas (17 de um total de
21) estão a menos de cinco quilômetros de distância de alguma atividade
de garimpo. Na TI Kayapó, esse número é de 34% (9 de 26 pistas), e na TI
Yanomami, 33% das pistas estão próximas de áreas de mineração.
Além disso, das cinco terras indígenas com mais pistas de pouso, três
são também as mais afetadas pela mineração: Kayapó (13,79 mil hectares),
Munduruku (5,46 mil hectares) e Yanomami (3,27 mil hectares), conforme
aponta o estudo.
Contaminação da água
A
exploração de ouro, em especial, está intrinsecamente ligada aos rios, o
que representa um sério risco ambiental. A maioria das áreas garimpadas
na floresta tropical, 77% do total (equivalente a 186 mil hectares),
está a menos de meio quilômetro de algum curso d'água, como rios, lagos e
igarapés, de acordo com o MapBiomas.
“Essa proximidade entre o
garimpo e os corpos d'água é considerada uma característica fundamental
da atividade de mineração na Amazônia. Isso porque a movimentação de
terra próxima às margens dos rios e igarapés, bem como a contaminação da
água por substâncias como mercúrio e cianeto, têm impactos ambientais
que se estendem para áreas muito além das zonas diretamente afetadas
pelo desmatamento”,explica Cesar Diniz, da Solved e coordenador técnico
do mapeamento de mineração no MapBiomas.
Fonte: rondoniaovivo