A próxima deve ser em Joinville (SC), possivelmente já no próximo mês
Porto Velho, RO. O
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quer replicar em outras cidades do
país os atos que já ocorreram em Copacabana, no Rio, e na avenida
Paulista, em São Paulo. A ideia, segundo aliados, é fazer uma
manifestação no Sul, outra no Nordeste e uma em Brasília.
A
próxima deve ser em Joinville (SC), possivelmente já no próximo mês. A
escolha da cidade se deu por ser a mais populosa do estado,
predominantemente bolsonarista, e ficar a duas horas de Curitiba.
Bolsonaro é forte em Joinville: a cidade deu 76,6% dos votos a ele no segundo turno da eleição de 2022.
Além
disso, fica a cerca de uma hora e meia de Balneário Camboriú (SC), onde
Jair Renan, filho dele, concorrerá neste ano ao cargo de vereador -no
mês passado, ele se tornou réu sob a acusação de falsidade ideológica e
uso de documento falso para a obtenção de empréstimos bancários em nome
de uma empresa de eventos.
A informação sobre as próximas
manifestações foi confirmada à reportagem pelo pastor Silas Malafaia,
autor dos mais duros ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do STF
(Supremo Tribunal Federal) e principal organizador dos atos em defesa do
ex-presidente -que foi declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) e que é alvo de diversas investigações, incluindo a de uma
trama golpista em seu governo.
O pastor rechaça a ideia de que
replicar atos pode significar seu esvaziamento: "Não vamos fazer em tudo
que é cidade. É melhor concentrar [em poucas]."
Os próximos atos
devem seguir a tônica do que ocorreram até o momento: poucos discursos,
defesa jurídica e política do ex-presidente e críticas enfáticas a
Moraes.
Quem sobe no palco tem buscado focar os ataques mais ao
magistrado do que à corte, como forma de dizer que não se trata de uma
agressão às instituições. Assim, faixas têm sido vetadas pelos
organizadores.
O ex-presidente tem mantido uma intensa agenda de
viagens pelo país. Neste mês, deve ir ainda para Sergipe e São Paulo. Há
previsão de visitar, em maio, Amazonas, Pará, Piauí, Mato Grosso do Sul
e Rio Grande do Sul.
Essas viagens, contudo, não têm os moldes de grandes manifestações como as realizadas no Rio e em São Paulo.
Bolsonaro
fez sua segunda manifestação desde que deixou o Palácio do Planalto
neste domingo (21). O ato foi marcado por uma elevação no tom das
críticas a Moraes e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG)
-feitas principalmente por Malafaia.
O ex-presidente não citou os
nomes de Moraes e de Pacheco e optou em seu discurso por exaltar Elon
Musk, dono do X (ex-Twitter), defender anistia aos condenados pelo 8 de
janeiro e retomar a narrativa de que eventual decreto de estado de sítio
no país após a derrota na eleição de 2022 não seria um ato golpista -e
que, portanto, as minutas encontradas pelos investigadores não serviriam
como prova de que ele não aceitaria o resultado das eleições.
Coube
a Malafaia o discurso mais duro, no qual chamou Moraes de "ditador da
toga" e Pacheco de "frouxo, covarde e omisso" por não investigar o
ministro do STF.
"Eu não vim aqui atacar aqui o STF. A maioria
dos ministros não concorda com o Alexandre de Moraes. Vocês não podem se
calar. Alexandre de Moraes está jogando o STF na lata do lixo da
moralidade", disse o pastor.
Aliados do ex-chefe do Executivo
comemoraram o resultado do ato. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP)
publicou uma foto da multidão e escreveu, no X: "Para brecar isso,
talvez a única possibilidade seja no tapetão mesmo".
Já Alexandre
Ramagem, deputado e pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio, disse que o
"brasileiro volta a ter esperança com o futuro do Brasil".
Do outro lado do embate político, ministros e aliados de Lula (PT) minimizaram a manifestação.
A
ideia é de não dar relevância ao ato, considerado de médio porte, sem
grandes novidades políticas e com adesão de uma parcela da população já
cristalizada no bolsonarismo.
O ato de Bolsonaro neste domingo
ocorre num clima bem diferente do anterior, na avenida Paulista. Para
interlocutores, ele está menos pressionado.
Em fevereiro, a
manifestação foi convocada dias depois de uma operação que apreendeu o
passaporte do ex-presidente. Agora, Bolsonaro está viajando em clima de
campanha eleitoral pelo país.
Na última vez, interlocutores do
ex-presidente entraram em contato com ministros da corte para prometer
um ato sem ataques. Desta vez, eles não viram necessidade de conversa.
Isso
ocorre pela distância temporal de operações da PF e desgastes no
Judiciário. Também porque há o que chamam de aumento de críticas na
sociedade civil à atuação de Moraes, em especial impulsionadas na
esteira do caso de Musk.
Ainda que o empresário não tenha brigado
com o ministro do STF por causa do ex-presidente, o episódio foi visto
por aliados como uma vitória para Bolsonaro e sua militância, por
desgastar Moraes.
rondoniaovivo